O ano novo começou e, ao que parece, não da melhor maneira. Isto porque a forma de comemorar a chegada de um novo ano é variada e, muitas vezes, levada ao extremo. Isto porque parece normal, na zona de Chelas, receber o ano com o disparo de vários tiros para o ar. Enquanto uns celebram, e porque o destino não perdoa, outros tornam-se alvos fáceis. Desta vez, a vítima foi uma menina de 9 anos, baleada na cabeça e que acabou por não resistir. Saber que festejar um novo ano implica a possibilidade de roubar a hipótese de viver novos anos a uma criança, devia pesar na consciência destas pessoas, que aceitam o hábito como um ritual naturalíssimo. Além disso, também um homem de 45 anos, que falava ao telemóvel na sua varanda, acabou atingido no peito.
Mas de maus exemplos parece estar cheio o início de 2008. O presidente da ASAE, a associação que mais tem atormentado a vida dos portugueses com noções do correcto, do limpo e do legal, não fez cumprir a lei. E, sobretudo, não deu o exemplo. Ou melhor, talvez tenha dado. Em pleno Casino Estoril, quase que motivou todos os outros a fazerem "vista grossa" à lei. Apanhado a fumar depois das duas da manhã do primeiro dia do novo ano, António Nunes, acabou por desculpar-se com uma suposta não inclusão dos casinos na lei. Das duas uma: ou António Nunes não se lembrou de desculpa melhor para justificar o péssimo e vergonhoso exemplo, ou se o que diz é verdade... o nosso país ainda é pior do que eu pensava. Se os casinos, por serem considerados sítios de elite, estão excluídos de terem de cumprir a lei, que tremenda injustiça.
Injustiça, palavra vulgar no nosso quotidiano. A Zé Diogo Quintela, o meu "gato fedorento" preferido, aconteceu o que poderia acontecer a qualquer pessoa. Depois de uma noite de trabalho e champanhe, a apresentar o "Diz que é uma espécie de reveillon", acabou por ser mandado parar e o balão não revelou boas notícias: 1,6g/L de álcool no sangue (a partir de 1,2g/L é considerado crime). Até aqui nada de especial, nem anormal nesta época de excessos. A audiência em tribunal evidenciou, mais uma vez, as típicas injustiças. Porque é uma figura pública e nunca tinha cometido semelhante infracção foi apenas obrigado a pagar a módica quantia de 400 euros a uma instituição de caridade e a prestar 40 horas de trabalho comunitário. Não tenho nada contra o Zé Diogo, até muito pelo contrário, mas é chocante ver que a história se repete. Excepções às figuras públicas... Seria bom que estas excepções existissem para outras pessoas, aquelas que não têm qualquer registo anterior na carta de condução e que precisam da carta para fins de trabalho ou porque têm outras pessoas à responsabilidade (filhos menores ou idosos)... Seria bom que a lei fosse mais igual para todos e menos apta às injustiças.
Também a Operação de Ano Novo não traz boas notícias: ainda não acabou e já registou mais quatro mortos do que no ano passado.
O tempo também não foi simpático na forma como nos abriu as portas de 2008. Além do horrível dia 1 do ano, durante a madrugada de ontem foram inúmeros os estragos causados pelas fortes rajadas de vento em Setúbal: cerca de 50 casas particulares e várias escolas afectadas.
Por fim, o petróleo continua a não querer dar tréguas. Acabou de começar um novo ano e o crude já atingiu novos máximos, tendo ultrapassado o valor de 100 dólares por barril de petróleo. Este era um dos acontecimentos mais temidos que acabou mesmo por ocorrer. Consequência: os combustíveis já foram vítimas de novo aumento e prometem continuar a atormentar-nos a vida...
Boas notícias... Não são muitas. Apesar da muita relutância, o que é certo é que se vêem as pessoas a fumar à porta dos locais de trabalho, cafés e outros espaços públicos. Contrariados ou não, a lei começa a ser cumprida e no interior destes espaços pode-se respirar com vontade. O hábito, como sempre, e o tempo, como aliado, tornarão o gesto de fumar na rua mecânico e farão desaparecer as ridículas e, sobretudo, egoístas contestações.
Outra notícia que o novo ano trouxe é inédita no nosso país: pela primeira vez um medicamento português será comercializado nos Estados Unidos e Canadá. O medicamento é da farmacêutica Bial e é um anti-epiléctico, que parece ter agradado os americanos. Deverá ser comercializado apenas no próximo ano mas é, desde já, uma óptima notícia para o país que encaixará qualquer coisa como 175 milhões de euros.
É assim que começa o novo ano. Espero que mais boas notícias estejam por chegar...