Para sonhadores... Deixem-se levar... O blog mudou de cores, mas os sonhos são os mesmos...

12
Fev 10

 

Este governo poderia ser, sem dúvida, apelidado de o "governo silencioso". Porque o nosso primeiro-ministro não fala quando deve. E porque quando o faz, mais valia estar calado.

Este incompreensível mandato, que tem tanto de incompreensível na lógica com que o país tem sido governado (um país em que as prioridades continuam a ser o TGV e o novo aeroporto), como de incompreensível tem o facto de o povo o ter feito triunfar nas urnas, começou, também ele, com medidas a favor do silêncio. Afinal, a primeira lei permitiu calar os homossexuais, que ficaram contentes da vida por finalmente terem acesso a um direito que não é deles. Medida fundamental para o país, como é por demais evidente.

Agora, e depois da dissimulada tentativa de controlar efectivamente os meios de comunicação, através da procura de aquisição de parte dos mesmos, nomeadamente a Media Capital e a Impresa, chega a derradeira medida de censura. Directa ou indirectamente, houve uma tentativa de silenciar o Jornal "Sol", um dos poucos que, ao lado do "Público", continua invicto na sua meta pela liberdade de expressão e pela descoberta da verdade, sem medos de pressões superiores ou de prováveis consequências. Felizmente consegui um dos muitos exemplares, entretanto esgotados. E posso erguê-lo como estandarte da liberdade a que nos habituámos. A que temos direito. Aquela que não nos podem roubar.

E é o que tem vindo a ser feito. Não se pode dizer que vivamos um regime autocrático com uma disciplina de censura. Seria uma verdadeira ofensa às vítimas desses mesmos regimes. Não... pelo menos, ainda não. Enquanto eu ainda puder publicar um texto com este conteúdo, sem o carimbo supra representado ou sem quaisquer represálias, não o poderemos afirmar. De qualquer forma há indícios. Indícios de que tudo o que os membros do governo possam eventualmente (e saliento o eventualmente) ter feito, não tem interesse e não justifica abertura de inquéritos. Não justifica seguimento. É simplesmente disfarçado, distorcido, arquivado. Casa Pia. Freeport. Face Oculta.

O que interessa e o que é para cumprir são ordens de outra classe, como a providência cautelar emitida à edição do jornal Sol. Felizmente o sol hoje voltou a nascer e com ele a luz sobre acontecimentos, que só o presidente do Supremo, parece achar irrelevantes. Bem-haja por isso ao Jornal Sol.

A liberdade de imprensa ainda existe. E somos nós que também a fazemos. Temos o direito à informação e ao conhecimento. Mas, sobretudo, à verdade.

 

 

Portugal é um país de acostumados. Não nos podemos calar quando vemos que nos roubam o pilar base da nossa democracia. Temos de exigir explicações. O primeiro-ministro não pode permanecer nesse confortável silêncio.

Cada um de nós é importante e tem um contributo a dar: procurando a verdade, ainda que nos vendem os olhos; escutando os indícios, por mais barulho que façam; e emitindo opiniões, ainda que nos tentem calar. Que se ergam as vozes contra o silêncio. E que nasça hoje e sempre o sol da liberdade de expressão, para que não sejamos esmagados pelo peso irascível da censura. Já Sophia de Mello Breyner dizia:

 

"Gritava como se estivesse só no mundo,
como se tivesse ultrapassado

toda a companhia e toda a razão
e tivesse encontrado a pura solidão.
Gritava contra as paredes, contra as pedras,
contra a sombra da noite.

Erguia a sua voz como se a arrancasse do chão,
como se o seu desespero e a sua dor
brotassem do próprio chão que a suportava.
Erguia a sua voz como se quisesse atingir com ela
os confins do universo e aí,
tocar alguém, acordar alguém, obrigar alguém a
responder.
Gritava contra o silêncio."

 

publicado por Vânia Caldeira às 14:58

10
Jan 08

 

A liberdade é uma das palavras mais aclamadas em todo o mundo. Motivo de discursos políticos, divagações literárias, reivindicações sindicalistas, iniciativas para defesa dos direitos humanos...

É, sem dúvida, um bem precioso. Mas até que ponto somos verdadeiramente livres e não meras marionetas? Não, não me refiro a questões políticas... não gosto delas. Refiro-me a todos os condicionantes que inevitavelmente nos moldam e limitam a nossa liberdade.

Desde os condicionantes biológicos e genéticos que nos limitam a um nível mais básico e fisiológico, determinando em parte aquilo que podemos ou não fazer, as nossas aptidões e capacidades, os nossos dons. Estamos limitados pelo meio social e pelo contexto cultural... A sociedade molda-nos de forma a adoptarmos as atitudes que esperam de nós, integradas num padrão de regras e normas sociais e comportamentais. A nossa fé, as nossas crenças, os nossos valores e ideais também condicionam as atitudes que tomamos, a forma como vemos o mundo e as nossas possibilidades de agir no seu seio. Somos aquilo em que acreditamos.

São todos estes factores que condicionam as nossas escolhas... Mas, em última instância, temos essa hipótese: a de fazer uma escolha.

Na verdade, a nossa vida é um palco, no qual actuamos como personagens principais. A toda a hora nos cruzamos com outras personagens, secundárias e figurantes, que desfilam pela nossa vida e nos modificam. Tal como o palco tem um cenário, a nossa vida está integrada num contexto rico em condicionantes sociais, culturais, biológicos, históricos e psicológicos. Se, por um lado, um dos valores mais importantes da nossa vida e que mais devemos preservar é a liberdade, que nos distingue uns dos outros e nos fornece a estimada singularidade, por outro, ao longos dos diversos momentos da nossa vida, existem pequenos e ténues fios, que nos prendem a esse mesmo palco, que nos tornam marionetas de uma peça maravilhosa – a vida – manejadas pela mão de todas estas condicionantes.

publicado por Vânia Caldeira às 22:17
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