Sempre gostei de desenhos animados. Com a idade, essa faceta não se perdeu, como parte da minha "pseudo-ingenuidade". Continuo a adorar as histórias dos mais pequenos.
O último filme que tive oportunidade de ver foi o "Ratatouille" que conta a história de um ratinho com um sentido do gosto particularmente apurado e que sonha ser cozinheiro. Insólito, no mínimo. Talvez inofensivo para as crianças, que acharão o ratinho muito querido e ficarão contentes com o seu triunfo final...
Mas é como uma verdadeira facada para nós, mais velhos... Um despertar para a realidade. Ao contrário do pequeno Remy desistimos depressa do que queremos. Há tantas coisas na nossa vida que pomos imediatamente de parte, que excluímos do universo das possibilidades apenas porque está num nível de dificuldade superior, apenas porque roça o impossível, apenas porque exige mais de nós. Por vezes, exige um esforço extra, mais trabalho, mais dedicação, ... mas, sobretudo, exige que acreditemos que é possível. Que acreditemos no nosso potencial! E esse é, muitas vezes, o passo paralisante, o passo que nos prende a um mundo pré-fabricado onde nos limitamos a esperar que as coisas apareçam feitas.
No filme, curiosamente, a determinada altura o pequeno Remy inveja os humanos... e imagine-se porquê:
"Eles não se limitam a sobreviver... eles criam, inventam."
Infelizmente nem sempre isto é verdade. No mundo do pragmatismo, o nosso, esquecemo-nos muitas vezes de sonhar, de criar, de tornar possível... E caímos na monotonia, limitando-nos a sobreviver a mais um dia, como se pelo simples acto de respirar merecessemos um prémio.
É urgente acreditar na nossa força de poder, de conseguir, de construir ou de simplesmente ser! Temos de nos lembrar que só podemos acreditar nos nossos sonhos, depois de acreditarmos em nós mesmos. E esse é, certamente, o passo determinante para alcançar a tão desejada felicidade que, não só não é um mito (como muitos afirmam), como também não está ao virar da esquina... mas ao longo do caminho que percorremos para lá chegar!