Muitas vezes, enquanto passeio nas ruas ou viajo de autocarro, surgem-me certas ideias, determinadas reflexões, pensamentos, teorias... O dia de hoje não foi excepção.
Não sei bem porquê apercebi-me de que estamos sempre à espera de qualquer coisa.
Isso reflecte-se, de uma forma muito básica e intrínseca, nas várias fases etárias da nossa vida: quando somos crianças esperamos tornarmo-nos belos jovens para podermos decidir mais acerca da nossa vida e adquirirmos maior independência. Quando somos jovens percebemos que ainda não chega. E esperamos ansiosamente adquirir a maioridade que parece, em muitos dias, as soluções dos nossos problemas. Já adolescentes esperamos pelo nosso futuro, acreditamos que o vamos preparando aos poucos, que desbravamos o caminho que nos leva a ele. Não sei bem o que esperam os mais adultos. Acredito que esperem construir carreiras de sucesso, constituir família, realizar todos os seus sonhos, ser felizes. Com o passar dos anos, restam cada vez menos coisas por que esperar.
O que é que será que esperamos aos 60? Provavelmente a reforma e uma vida mais calma, com tempo para não fazer simplesmente nada ou fazermos aquilo que nunca tivemos oportunidade... O mais certo é esta vida não se revelar assim tão satisfatória quanto isso. Caímos na monotonia, os dias custam cada vez mais a passar, apodera-se de nós a solidão... Enfim...
Não sei. Mas o que vejo nos olhos dos mais velhos é o olhar baço de quem já não espera nada da vida... Isto, porque, muito provavelmente, só lhes resta esperar pela morte. Têm o rosto talhado por sulcos de experiência, por anos de cansaço, por uma vida de esperas...
Para quê esperar? Se podemos nunca alcançar as nossas metas, se o destino pode pregar-nos uma partida e levar-nos mais cedo?! Para quê esperar por uma vida que pode nunca ser como a concebemos, como a imaginámos...
O importante é viver cada momento como se fosse o último e lutar para que as coisas aconteçam, em vez de ficar simplesmente à espera...