Para sonhadores... Deixem-se levar... O blog mudou de cores, mas os sonhos são os mesmos...

21
Nov 07

Não é novidade que a vida é uma roleta russa, capaz de nos surpreender em cada instante. Por isso mesmo, há muitas coisas na minha vida que não tenho como certas. O meu cepticismo desconfiado e o medo de arriscar ajudam neste sentido. No entanto, havia uma certeza que eu tinha e que foi, muito recentemente, destruída. Independentemente de quantas voltas este mundo pudesse dar: eu não esperava deixar de saber escrever português!

Para quem me conhece, esta faceta não é nova, os outros que a descubram agora: adoro o português, acho que é uma língua lindíssima e extremamente rica, odeio (e irritam-me de uma forma incalculável para alguns) erros ortográficos!

As últimas notícias apontam para um novo acordo ortográfico (ou protocolo modificativo) que introduzirá algumas novidades, dizem os crentes e, certamente, os que vêem neste acordo a esperança de algum dia escreverem português correctamente. Eu digo que esse acordo quer desconstruir o português...

Como é que esperam de um dia para o outro dizer-me que devo escrever hospital sem h (sim, sem dúvida que as novas siglas do Hospital Santa Maria serão OSM) ??? Ou, de repente, pedem-se que escreva úmido? Segundo essa nova norma, eu deveria escrever: ato (em vez de acto), ótimo (óptimo), batismo (baptismo), ação (acção)... Vêem perderá o acento circunflexo... para quê esse preciosismo, quando "veem" soa tão bem...

Será só a mim que este novo acordo se revela extremamente aberrante?! Dizem os defensores que querem unificar a língua. Uma coisa conseguirão certamente: diminuir a taxa de erros ortográficos dos que nunca souberam escrever português (os tais que são adeptos do úmido, ato e batismo...) e aumentar as incorrecções (e a revolta) daqueles que sempre primaram pelo seu conhecimento das regras do português escrito.

Não tendo nada contra os brasileiros, devo assumir que a ortografia do Brasil me põe, literalmente, os "nervos em franja". Não são poucas vezes que "corrijo" esta ortografia para a usada em Portugal nos livros de Medicina que leio em português do Brasil.

Parece castigo! Agora terei de "abrasileirar" (hoje dou-me ao luxo de inventar palavras) a minha escrita. Deixaremos de escrever em português-padrão, para escrever em português do Brasil.

Curioso é que os entendidos do assunto admitem que a nova norma alterará cerca de 1,6% do vocabulário português e apenas 0,45% do vocabulário do Brasil. Porque será?

Não são eles que terão de se adapar à língua portuguesa, mas nós que teremos de passar a escrever como eles. Porque não deixar de lhe chamar língua portuguesa: língua brasileira faria muito mais sentido.

 

Claro que a estratégia é brilhante... e visa diminuir a taxa de erros de ortografia. Os que nunca souberam escrever, passam a saber. De repente, tornam-se espertos. Os espertos (porque por algum motivo o são e porque têm uma capacidade de adaptação e aprendizagem superiores) acabarão por adaptar-se às novas regras... Teremos um país (aparentemente) mais esperto. Um país de aparências, como de costume.

 

Mantenho a esperança de que esta ideia não passe de um boato ou de mais uma má ideia inconcretizada do actual governo. E, claro, não abdico da convicção de que saber escrever português é muito mais do que ("apenas") saber falar!!!

 

Para quem ainda não reparou, daqui a alguns meses, irão considerar-me uma verdadeira iletrada que não percebe nada de ortografia portuguesa, tendo em conta o considerável número de erros que cometi neste post (segundo o novo acordo).


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