Não era tão mais fácil se criassem um programa informático com uma enorme base de dados, no qual simplesmente nos identificávamos e ele procedia à pesquisa da pessoa certa para nós. Uma busca de apenas alguns minutos e com uma lista reduzida de resultados. Penso em quantas pessoas "certas" haverão para mim. Não será certamente apenas uma, a não ser que se ceda à redutora e desanimadora teoria das almas-gémeas. Mas nesse caso, bastante mais condenado ao fracasso, onde é que irei encontrar a outra metade da minha laranja? E, sobretudo, como? Pelo país e mundo fora existirão inúmeras pessoas excepcionais que nunca teremos a oportunidade de conhecer, apesar do enorme contributo que a Internet tem dado nesse sentido. Mas só me resta reafirmar: era tão mais fácil com uma pesquisa informática no dito sistema. Com sorte não só nos mostrava os resultados possíveis e o grau de compatibilidade dos possíveis candidatos a princípe de uma história daquelas que terminam com o lendário "e viveram felizes para sempre", como ainda nos dava informações relevantes - como a localização exacta do dito indivíduo e como o procurar e encontrar...
Em vez disso, procuramos toda a vida e, sobretudo, fazemos escolhas... e são essas escolhas que me maçam e atormentam. Como sabemos se fazemos a escolha certa? Podemos sempre achar que pouco importa, que se não acertarmos à primeira, restam-nos muitas outras hipóteses. E claro que isso é absolutamente verdade!
O problema é que, embora nem sempre nos apercebamos disso, as nossas escolhas determinam constantemente a nossa vida, as pessoas que conhecemos, a vida que temos a oportunidade de levar. Escolher é muito mais do que assinalar um boletim de voto ou um exame de cruzes, escolhe ré, neste caso, tomar parte activa na construção da nossa vida, traçar o nosso próprio rumo, decidir, apenas parcialmente, onde é que esse caminho nos irá levar.
Era tão mais fácil usar o tal sistema informático... Até lá, enquanto aguardo mirabolosa criação, procuro reflectir bem as minhas escolhas.
E, entretanto, enquanto por aqui divago... a outra metade da minha laranja deambula por aí algures, em busca da sua alma gémea que, provavelmente, nunca encontrará...