Para sonhadores... Deixem-se levar... O blog mudou de cores, mas os sonhos são os mesmos...

15
Set 09

 

Ele apaixonou gerações. Com a simultânea precisão e sensualidade dos seus passos de dança, com a doçura da sua voz enquanto cantava "She's like the wind" e com as suas magníficas interpretações.

Há uns anos tive a oportunidade de conhecer "Dirty Dancing" e deixei-me enfeitiçar. Um filme que inicialmente não passou de um modesto investimento para filme mediano e que graças à marcante personagem representada por Patrick Swayze se tornou um tremendo e inesperado sucesso. No filme, o autor é um professor de dança que se vai apaixonar por uma aluna, menina rica e inacessível. Juntos protagonizam a mais bela história de que tenho memória. É, sem dúvida, o filme mais romântico de sempre.

E foi aqui que me tornei inevitavelmente uma enorme fã de Patrick Swayze. Não hesito em elegê-lo como o actor que mais me marcou, o melhor de todos.

 

 

E, por isso mesmo, tremi quando há um ano soube que ele padecia de cancro. E logo do pâncreas, cujas taxas de sobrevida não são nada animadoras.Não nos podem roubar estas pessoas, não é justo que o façam... 57 anos? É demasiado cedo. Ele ainda tinha tanto para dar, agora que protagonizava a série "The Beast". Ao fim de ano e meio o cancro venceu e todos nós perdemos.

Se a morte dele hoje foi uma surpresa? Não. Já há meses numa aparição pública o seu aspecto transtornado falava por ele. Ainda assim não doeu menos ouvir tal notícia.

É o fim de um homem que me fez sonhar. Que me fez ver o Dirty Dancing, que tenho em DVD, vezes e vezes. Sem nunca me cansar. Até saber as deixas, as músicas e os passos de dança. Que me fez procurar todos os filmes com ele no clube vídeo.

Além de Dirty Dancing, Patrick Swayze foi ainda protagonista em outros grandes filmes como "Ghost - o Espírito do Amor", "Three Wishes", "One Last Dance", "King Solomon's Mines" ou "Point Break" (ao lado de Keanu Reeves). E ainda a melhor série que alguma vez vi: "Norte e Sul", um verdadeiro sucesso sobre a guerra civil americana.

Hoje é um dia triste pois é verdadeiramente lamentável vê-lo desaparecer para sempre... pelo menos dos ecrãs, pois na minha memória e no meu imaginário ele continuará a dançar para sempre.

Até sempre, Patrick.

 

publicado por Vânia Caldeira às 10:57

07
Set 09

 

Desde ontem que tudo estava estranho lá em casa. A mãe não voltara do trabalho e o pai dissera-lhe que surgira uma cirurgia urgente no hospital e que ela acabara por ser necessária. Fora dormir sentindo saudade das doces palavras da mãe, quando esta lhe lia uma história todas as noites, e lhe dava aquele mágico beijo de bons sonhos.

Mas hoje a casa estava ainda mais esquisita. Não só a mãe continuava ausente, como havia um ambiente estranho. A família viera toda para uma não planeada visita. Porém, vagueavam pela casa como zombies, de rostos tristes e olhares vazios. Ausentes. Como a sua mãe. Onde andaria ela, que nunca mais voltava para lhe explicar o que se passava?

A avó esboçou-lhe um doloroso sorriso e ele conseguiu ver os seus velhos olhos, datados pelas duras rugas,  vermelhos e doridos, como daquela vez em que a Joana lhe partiu o seu brinquedo favorito. E ele chorou e chorou. No fim, os seus olhos também estavam assim.

Ainda por cima tinham todos decidido vestir-se de preto. Chegava a meter medo.

Farto de se sentir posto de parte, procurou o pai pelos corredores da casa. Quando o encontrou, parecia anos mais velho. Uma expressão carregada de algo que ele não sabia bem reconhecer. Mas que doía e muito.

O pai olhou-o com toda a sua ternura e disse-lhe que a mãe tinha ido para o céu. "Então e a que horas volta?", ouviu-se ecoar pela casa.

O pai engoliu em seco. Não sabia o que dizer ao filho, como o dizer. Estas coisas simplesmente não deviam acontecer.

Ganhou coragem, emoldurou o pequeno e delicado rosto do filho entre as suas mãos, e explicou-lhe que a mãe não voltava mais, tinha partido para sempre.

O menino de lindos olhos verdes e cabelos loiros, cheios de sonhos, voltou ao hall de entrada. Pensou no que o pai lhe dissera e percebeu que ele estava enganado, como daquela vez em que a mãe lhe pedira para trazer queijo e ele trouxera fiambre. Típico do pai. Como é que a mãe se podia ir embora de vez? Quem é que tomaria conta da casa, lhe diria o que vestir, lhe faria o almoço ou ajudaria nos trabalhos de casa? E como é que o hospital sobreviveria sem ela? Não podia ser. Afinal ela despedira-se dele, no dia anterior, com o beijo de sempre e a pressa do costume para ir trabalhar. E tinham combinado ir ao jardim botânico no próximo fim-de-semana. Não lhe disse que não voltava. Não o avisou que era para sempre...

Certo de que o pai estava enganado, ele dirigiu-se para a porta. Sentou-se num dos degraus da entrada e limitou-se a esperar que a mãe simplesmente voltasse para casa.

publicado por Vânia Caldeira às 19:33
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