No seio da faculdade existe a mesquinhez, a injustificável competição à milésima, a inveja e a falsidade. Esta última irrita-me particularmente. É fácil sermos enganados com a ideia que criamos das pessoas... que, à primeira oportunidade, nos desiludem. E também existem aquelas em que simplesmente nunca depositámos nenhuma esperança. Essas certamente não desiludem, apenas provam que estávamos certos. No entanto, continuam a sorrir-nos largamente pela frente, a tentar estabelecer conversa. Enquanto isso, por trás dizem mal (o mais que conseguem), procuram arranjar problemas, irritar-nos à custa do planeamento de enormes teias de intrigas.
Porém, quando fora do seu contexto diário normal, quando as amarras se soltam... surgem quase magicamente todas as frustrações, todas as ideias e vontades reprimidas e vai-se formando um cocktail explosivo... O principal problema é que ele explode mesmo. Loucura, leviandade, irresponsabilidade, vandalismo e violência. Como é possível? Por momentos, a diversão parece proporcional ao nível de álcool e, sobretudo, à quantidade de estragos.
Mais do que revolta e indignação, estes comportamentos despoletam em mim uma tremenda vergonha. Vergonha de poder sequer ser confundida com esses outros que não se cansam de fazer porcaria. Vergonha de estar no mesmo grupo... E, o que é certo (ou quase...), é que tanto eles como eu seremos os futuros médicos do país... Enfim...
No meio de tudo isto o que é que faz com que valha a pena? O que é que fez com que as Olimpíadas da Medicina deste ano não tenham sido um fracasso?
Os que não se associam a estes movimentos de liberdade inconsequente. Os amigos certos, as pessoas ideais! Água a cair do tecto ou dolorosos escaldões? O que é isso ao pé das nossas toalhas de praia encharcadas, da caça à melga, da tentativa frustrada de tirar o verniz com vodka, das típicas "siestas", do vinagre no frigorífico e de tudo o resto?
A diversão sem maldade, a união, a certeza confirmada de que, pelo menos entre nós, tudo correria bem. Poucos, mas bons! Sempre juntos, em sintonia, em harmonia. Ora na casa de uns, ora na dos outros. A passear, a apanhar sol, a comer, a beber, a jogar às cartas, a jogar PES, a ouvir música ou simplesmente a ver passar o tempo... juntos.
Obrigada por fazerem com que valha sempre a pena! Sim, porque apesar de tudo o resto, mas sobretudo por tudo isto... para o ano haverão mais Olimpíadas.