Só agora percebo que errei e só agora me arrependo. Lamento não ter arriscado, não ter investido mas, sobretudo, lamento não ter percebido.
Nunca percebi a forma especial como me olhavas ou nunca quis perceber. Sempre tive medo que não soubesses verdadeiramente o que querias, quando quem afinal não o sabia era eu.
Nunca compreendi como me sentia bem a teu lado, o quanto a tua presença era importante para mim. Ao ter medo de perder a tua amizade, acabei por te perder a ti!
E só agora, que te perdi, tudo é tão dolorosamente claro. Apenas agora, que não te tenho, compreendo verdadeiramente a falta que me fazes. O vazio que ficou ao perder os teus óbvios gestos de carinho, as nossas regulares saídas ao fim de semana, a tua doçura, as tuas ideias loucas, a tua energia e vivacidade, o modo como me idolatravas, ... Como tenho saudades da forma doce e única como me tratavas por "boneca". Com o excessivo gasto de expressões como "linda", "querida", "menina", "princesa"... sempre foste diferente de todos os outros, sempre foste especial - nunca ninguém me tratou tão carinhosamente de "boneca".
Eu sei agora que fui a boneca encantada dos teus sonhos, dos teus desejos... Boneca de porcelana num pedestal que tu próprio criaste, boneca frágil da qual desejaste cuidar, acarinhar, adorar...
Não posso esperar que o tempo volte atrás e me dê uma segunda oportunidade. Mas posso garantir-te que, se voltasse, desta vez eu arriscaria, perderia qualquer medo ou hesitação e embarcaria nesta aventura, na nossa aventura. Desta vez, a história seria escrita de outra forma. Mas talvez um dia... quem sabe? Afinal, as bonecas têm o direito de sonhar, não têm?