Para sonhadores... Deixem-se levar... O blog mudou de cores, mas os sonhos são os mesmos...

29
Dez 06
When I'm feeling down
Nothing seems ok
I see her eyes and I believe I'll find a way

When I'm feeling down
Things don't go so well
I see her eyes and I forget the tears that fall

When I'm alone in the street
And I'm scared and tired
For the first time in my whole life I felt desire

When I'm far from home
And I just don't want to be found
I run into your arms and they bring my feet back to
the ground!

CHORUS
'Cause to love you means so much more (2X)
When I need to cry you make me try
I want to die and ask me why
'Cause I can't fight no more

When I'm feeling down
Nothing seems ok
I see her eyes and I believe.. 
we'll find a way

I'm alone in the street
And I'm scared and tired
For the first time in my whole life I felt desire
When I'm far from home
And I just don't want to be found
I run into your arms and they bring my feet back to
the ground!

CHORUS (2X)

'Cause to love you means so much more (2X)

CHORUS

'Cause to love you means so much more (2X)

When I wanted to stop
When I wanted to fail
I saw your eyes and I believed there's so much more...

So much more... so much more...
FINGERTIPS
publicado por Vânia Caldeira às 17:28
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25
Dez 06

Hoje é dia de ser bom.

É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,

de falar e de ouvir com mavioso tom,

de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

 

É dia de pensar nos outros. coitadinhos. nos que padecem,

de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,

de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,

de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

 

Comove tanta fraternidade universal.

É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,

como se de anjos fosse,

numa toada doce,

de violas e banjos,

Entoa gravemente um hino ao Criador.

E mal se extinguem os clamores plangentes,

a voz do locutor

anuncia o melhor dos detergentes.

 

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu

e as vozes crescem num fervor patético.

(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?

Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

 

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.

Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.

Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas

e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

 

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,

com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,

cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,

as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

 

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,

ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.

É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,

como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

 

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.

Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.

E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento

e compra. louvado seja o Senhor!. o que nunca tinha pensado comprado.

 

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.

Naquela véspera santa

a sua comoção é tanta, tanta, tanta,

que nem dorme serena.

 

Cada menino

abre um olhinho

na noite incerta

para ver se a aurora

já está desperta.

De manhãzinha,

salta da cama,

corre à cozinha

mesmo em pijama.

 

Ah!!!!!!!!!!

 

Na branda macieza

da matutina luz

aguarda-o a surpresa

do Menino Jesus.

 

Jesus

o doce Jesus,

o mesmo que nasceu na manjedoura,

veio pôr no sapatinho

do Pedrinho

uma metralhadora.

 

Que alegria

reinou naquela casa em todo o santo dia!

O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,

fuzilava tudo com devastadoras rajadas

e obrigava as criadas

a caírem no chão como se fossem mortas:

Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

 

Já está!

E fazia-as erguer para de novo matá-las.

E até mesmo a mamã e o sisudo papá

fingiam

que caíam

crivados de balas.

 

Dia de Confraternização Universal,

Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,

de Sonhos e Venturas.

É dia de Natal.

Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.

Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

publicado por Vânia Caldeira às 18:41

21
Dez 06

Quando os meus olhos te tocaram
Eu senti que encontrara
A outra metade de mim

Tive medo de acordar
Como se vivesse um sonho
Que não pensei  realizar

E a força do desejo
Faz-me chegar perto de ti

Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E o mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanhã vem depois
E não no fim

Estas linhas que hoje escrevo
São do livro da memória
Do que eu sinto por ti

E tudo o que tu me dás
É parte da história
Que eu ainda não vivi

E a força do desejo
Faz-me chegar perto de ti

Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E o mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanhã vem depois
E não no fim (3x)

André Sardet


publicado por Vânia Caldeira às 19:30
tags: ,

17
Dez 06

Hoje é dia de Natal.

O jornal fala dos pobres

em letras grandes e pretas,

traz versos e historietas

e desenhos bonitinhos,

e traz retratos também

dos bodos, bodos e bodos,

em casa de gente bem.

Hoje é dia de Natal.

- Mas quando será de todos?

Sidónio Muralha
P.S. Árvore de Natal que está no hall de entrada da Faculdade de Medicina de Lisboa

 

publicado por Vânia Caldeira às 15:43

16
Dez 06

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa

publicado por Vânia Caldeira às 15:05

15
Dez 06

"O facto de o amor se encontrar fora da razão é potenciador de charadas notáveis. Em geral, as pessoas continuam a querer perceber o amor, como se fosse plausível tentar questionar o que está fora da lógica e da ciência. A análise aplicada do fenómeno continua a entreter toda a gente - e a sustentar psiquiatras e "cientistas" da auto-ajuda. E nunca há nada para explicar: aquele que ama está fora da lei, da lógica ou do pensamento. É um imbecil à solta. "

Ana Sá Lopes

publicado por Vânia Caldeira às 23:43

É o braço do abeto a bater na vidraça?

E o ponteiro pequeno a caminho da meta!

Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,

A trazer-me da água a infância ressurrecta.

Da casa onde nasci via-se perto o rio.

Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!

E o Menino nascia a bordo de um navio

Que ficava, no cais, à noite iluminado...

Ó noite de Natal, que travo a maresia!

Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.

E quanto mais na terra a terra me envolvia

E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.

Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me

À beira desse cais onde Jesus nascia...

Serei dos que afinal, errando em terra firme,

Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?

 

David Mourão-Ferreira

publicado por Vânia Caldeira às 21:58

14
Dez 06

À meia-noite um assobio
de cristal o anunciava.
Lourinho de ovos em fio
o seu cabelo soltava

na mesa para que nas bocas
recém-nascidamente fosse
a Eternidade resolvida
em metáfora de doce.

Bilingue de céu e terra
num favo de luz impresso
era tão fácil de ler
que nele aprendi os versos.

Espirito amorado em flor
sem punhado de palhinhas
orvalhava era o licor
santo da sua mijinha.

Natal agora na alma
é infancia a rapar frio.
Enjeita-a o destino. Ai,
que se partiu o menino

Natália Correia

 

publicado por Vânia Caldeira às 21:37

13
Dez 06

 

Todo o santo dia Jorge detinha-se na montra diáfana da sua loja preferida. Pousava a mochila e os manuais que lhe auguravam uma escoliose precoce. Seguia-se um cigarro e o Ipod para lá dos limites do suportável. Qualquer coisa entre os Korn e os Marilyn Manson, que os decibéis existem para calar o silêncio da alma. Por fim, repousava os olhos na primeira prenda de Natal que iria ser realmente sua. Dele e apenas dele. Este ano tinha decidido oferecer-se um presente – com notas tão boas e sem faltas injustificadas, bem merecia uma recompensa. Algo de que gostasse realmente. Nada daqueles pijamas, camisolas, cahecóis e gorros de lã grossa com que a família declarava o seu amor incondicional.
Repetiu o ritual matematicamente até à véspera da Consoada. Penou durante um mês, fez uns biscates e poupou na mesada. Afinal, há sacrifícios que valem a pena. Os pais estranharam a princípio a férrea disciplina, mas acabaram por convencer-se de que o filho tinha, finalmente, entrado na linha. Com notas destas, tinha-se-lhe metido algum juízo na cabeça. Devia ser da nova namorada.
Chegou o dia mais aguardado. Um nervoso miudinho enrugava-lhe a testa adolescente e salientava o acne, esse cancro juvenil sem cura nem medicina à vista. Mas Jorge estava feito um homem. Depois de tanto trabalho, com mealheiro próprio e sem calotes, dava provas de autonomia e independência.
- Quanto é?
- São 250 euros.
- Aqui está.
- Sabes como é que funciona?
- Claro. Acha que eu sou algum miúdo?
- Claro que não. Diverte-te.
Guardou o embrulho na mochila com devoção religiosa. Sentia-se o ser humano mais feliz do Mundo e decidiu partilhar o júbilo que lhe transbordava no coração. Antes de se encontrar com a namorada, no parque municipal, ainda ajudou uma jovem mãe, ou talvez mãe jovem, com o seu carrinho de bebé, a descer a escadaria do shopping.
- Olhe que está frio. É melhor tapá-lo.
- Ai, muito obrigado. És muito simpático.
- Obrigado. Feliz Natal.
- Feliz Natal para ti também.

Pais, tios, primos, irmãos, sobrinhos. A mesa farta irá daí a nada a ser tomada de assalto como uma companhia cercada num teatro de guerra. Alinham-se estratégias para chegar ao arroz-doce mais distante. Escondem-se as filhoz debaixo das pilhas de guardanapos. Debulha-se a dose à velocidade da luz não vá o vizinho do lado ser mais ágil com os nervos da boca. São muitos os comensais, e ainda mais as iguarias, mas ninguém quer ficar a perder. Excepto Jorge, que não repete o bacalhau e deixa a meio a fatia de bolo-rei. O primo interrompe-lhe a refeição. E, o que é mil vezes pior, desalinha-lhe a lógica dos pensamentos.
- Então, os teus pais sempre te vão dar a Playstation Z?
- Não sei…
- Isso era mesmo fixe. Tenho ali o Total Combat 4 e podíamos jogar quando eles forem todos para a Missa do Galo.
- Iá, desse ver mesmo fixe – retorquiu com enfado e sem nesga de convicção.
Jorge não presta atenção. Só lhe interessa o presente escondido na gaveta das boxers. Olha para o relógio e conta penosamente todos os segundos.

Faltam dois minutos para a meia-noite. Finalmente, o pai, figura tutelar da família, anuncia solenemente a troca de presentes. Jorge pede servilmente autorização para ir ao quarto buscar uma prenda. São desembrulhadas piadas de caserna, episódios caricatos e memórias festivas com cada um dos pacotes. Risos, trocadilhos e chalaças de barriga cheia. Jorge entra no quarto e abre a gaveta
- Então, Jorge, nunca mais vens? – grita o pai da sala enquanto enche o copo.
- Vou já, é só um bocadinho.
Bang-Bang.
Um som estridente interrompe abruptamente a folia na sala de jantar. Lucinha, a irmã mais nova de Jorge, que tinha ido à casa de banho, entra no quarto e encontra um bilhete a vagar numa poça de sangue. “Feliz Natal”.

publicado por Vânia Caldeira às 08:29
música: http://muitobarulho.wordpress.com/2006/11/22/conto-de-natal/

12
Dez 06

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinicius de Moraes

publicado por Vânia Caldeira às 17:55
sinto-me:

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