Para sonhadores... Deixem-se levar... O blog mudou de cores, mas os sonhos são os mesmos...

04
Mar 09

 

Aquela notícia deixara-a de rastos. Mais do que uma notícia, uma verdadeira sentença sobre a sua vida. Impassível. Ouvira-a, procurara percebê-la. Mas nestes assuntos nunca há compreensão possível. Apenas aceitamento e consciencialização. Tarefa árdua.
Nunca desejara muito da vida. Os sonhos de infância foram poucos e rapidamente dissipados com o avançar dos anos. Ao olhar para a sua vida e a sua atitude perante a mesma, considerar-se-ia uma mera espectadora. Nunca fizera nada para mudar o seu destino. Se é que essa entidade existia… Limitara-se a sobreviver. Viver cada dia, esquecendo a bênção de que se tratava.
Agora pensava em tudo o que poderia ter feito: e isso doía-lhe profundamente. Todos os planos que poderia ter traçado, todas as causas que poderia ter abraçado, toda uma vida que poderia realmente ter vivido. Pensava nos amigos que esquecera algures, num determinado ponto da vida. Recordava todos os projectos que abandonara, como se de lixo se tratasse.
Nunca acreditara em nada. Nem nela mesmo, quanto mais num qualquer ser superior. Hoje, mais do que nunca, desejava ter uma fé inabalável, capaz de a levar a acreditar nos mais estranhos impossíveis. Afinal essa parecia ser a réstia de esperança e, sobretudo, de paz de outras pessoas na sua condição.
Olhando a fotografia dos três filhos que guardava passivamente na carteira percebia a ausência de sentido da sua vida. Podia ter sido muito mais para eles. Podia ter-lhes dado muito mais. Podia ter sido uma mãe a sério. Mas sempre rejeitara esse papel.
Agora era tarde demais. E, no entanto, só agora imaginava todas as tardes desperdiçadas, as idas ao cinema que ficaram por concretizar, as conversas que nunca aconteceram por falta de tempo, … Por isso apenas conseguia recordar a indiferença na voz dos filhos, dos seus filhos, quando diziam “mãe”. Como se dissessem qualquer outra coisa como “nada”. Nenhum significado, nenhum sentimento.
Nada fizera no passado que lhe garantisse uma vida feliz junto das pessoas que mais a amaram. E como a amaram. Como se dedicaram a fazê-la feliz, com pequenas surpresas, com lindos gestos. Amaram. Sem serem correspondidas. Porque ela simplesmente nunca tivera tempo para elas. Achara sempre que iria haver um amanhã. Esta atitude egoísta culminara num divórcio inevitável, numa total ausência de círculo de amigos, numa odiável fama no emprego e no afastamento dos filhos. Agora que o futuro lhe fora roubado, um adenocarcinoma terminal no esófago era o ponto final na sua história.
E como era irónico: nunca tivera dado tanto valor à vida, nunca desejara tanto viver, como no momento em que ouvira aquele diagnóstico fatal da boca de um médico indiferente. Indiferente como ela própria. Perante os outros e perante a vida. Restava-lhe apenas morrer. Algo a que, embora sem saber, já se habituara em vida.
publicado por Vânia Caldeira às 12:02

27
Nov 08

 

 

Algures perdida entre os livros, folhas e folhas com tanto e com nada, assistindo ao louco desfile de matéria ela sentia-se desanimada. Questionava aquilo que sabia, as suas capacidades, atormentava-se com questões sem resposta, com uma insegurança que só lhe dificultava o caminho.

Ao olhar o sol que irradiava lá fora (tão distante), lembrou-se dele. Como queria que ele ali estivesse agora. Como precisava do calor dos seus braços, do aperto forte e consolador que ele lhe dava, das certezas com que a inundava.

Esse era outro problema... Já procurara mil vezes entender o motivo daquela paixão. Como era possível que ele tivesse aquele efeito sobre ela. De repente, alguém lhe puxara o tapete da rigidez e da lógica... E, agora, ela tinha dificuldades em levantar-se. Precisava dele e tinha, cada vez mais, a (dolorosa) consciência disso. Como? Não sabia...

 

Até porque no fim chegava sempre à incontornável resposta, certamente a menos científica de todas, mas também a mais puramente deliciosa: ela gostava dele. O amor... sem regras, convenções, lógicas ou motivos. E como era bom poder entregar-se a esse sentimento sem pensar. Saber, apenas o doce saber, que podia contar sempre com ele, que ele estaria lá quando ela mais precisasse. O sentir-se compreendida, como por ninguém mais, em cada gesto dele, em cada palavra, ou até em cada surpresa que ele lhe fazia.

A consciência de que ele também precisava dela...

Porque junto dele todas as leis físico-químicas eram violadas e ela sentia que podia dissolver-se na textura da sua pele...

publicado por Vânia Caldeira às 18:56

14
Ago 08

 

Olho-te nessa cama a que me habituei, a que te habituaste... Curioso como as paredes brancas e austeras, os corredores estreitos de um hospital nos podem parecer tão familiares. Como podem ser quase a nossa casa. Como os diversos profissionais de saúde que nele desfilam, médicos dedicados, enfermeiros atarefados ou auxiliares apressados podem ser quase como família ou amigos. Tudo uma questão de hábito. O tempo como motivo.

Passaste aqui demasiado tempo. Os dias arrastam-se e vêem-te morrer lentamente. Obrigam-me a ver-te morrer lentamente, espectadora forçada a este teatro da degradação humana. És cada vez mais incapaz, mais limitada, cada vez menos gente. Queria despedir-me já de ti porque receio que amanhã, quando às 15h como sempre cá voltar, já cá não estejas. Porque vivo e me debato com essa constante incerteza. O medo do que fica por dizer. Mas, sobretudo, a saudade antecipada da tua ausência mãe. Minha mãe. As tardes no hospital repetem-se e, perante a tua imobilidade, o silêncio a que te confinas, eu dedico-me apenas a olhar-te nessa paz enganadora. Reconstruo os nossos momentos de alegria e felicidade. Sim, nesse tempo longínquo em que nos julgávamos inatingíveis. Nessa época em que o nosso amor parecia capaz de tudo, qual barreira protectora que nos distancia de todos os males deste mundo. Recordo-me que quando falávamos uma com a outra, como amigas que sempre fomos, quando nos abríamos verdadeiramente, confessávamos os nossos segredos, revelávamos os nossos pecados (ou seria ao contrário? confessar pecados e revelar segredos parece fazer mais sentido, agora que já nada tem sentido!) todo o restante mundo deixava de existir. Éramos. Nós. As duas, apenas as duas. Mutuamente suficientes. Encontrávamos força uma na outra. Só queria me envolvesses outra vez nesses teus braços, eterno refúgio... e que me fizesses de novo menina, tua princesa.

Hoje, porém, o mais próximo que existe disso é este quarto. Quando fecho a porta deste fúnebre quarto. Ficamos as duas. Sós. Ou nem por isso, já que existe sempre um ou outro paciente temporariamente deixado nas camas ao lado. Um ou outro gemido que interrompe os nossos actuais (cada vez mais curtos e menos frequentes) diálogos. Ou serão monólogos? Quando deixaste de falar? Quando me deixaste a falar sozinha? Não sei, ou não quero saber.

A lei da vida esclarece que "é assim mesmo". Os pais devem gerar os seus filhos, vê-los crescer, criá-los e educá-los, dar-lhe as asas e deixá-los voar. E, depois, no fim, devem partir primeiro que as suas crias. Os mais velhos devem morrer primeiro. E devemos estar preparados para isso. Devemos encontrar outras pessoas na nossa vida, ser felizes ao seu lado, encontrar outros motivos para viver. Encontrei essas pessoas, creio que tive sorte. Porém, com o passar do tempo, ou com o apertar dele (creio que é mais apropriado), angustia-me a certeza derradeira: nada nem ninguém poderá substituir-te. A tua partida deixará uma enorme fenda, uma ferida difícil de sarar. Um vazio. Vácuo. Ausência.

O que me restará? Tentar cobri-lo, tapá-lo, escondê-lo, fazê-lo curar e fechar. Sem sucesso na melhor das hipóteses.

A enfermeira abre de rompante a porta e volta a implicar com o meu (mau) hábito de a fechar. Ignoro-a. Pouco me importa aquilo que diz. Queria que tu dissesses qualquer coisa, mãe. Que fosse teu o ruído que sai da boca daquela farda azul e branca. Queria que fossem tuas as palavras. E não são. Insistem em não ser tuas.

Olho o relógio e percebo que são horas. A visita terminou. Mais uma. Como as outras. Levanto-me do banco que já tem a minha forma, dou-te um longo beijo e dirijo-te um último olhar, para recordar-te eternamente. Saio com a mesma incerteza de todos os dias. E sei que amanhã voltarei, percorrerei os velhos corredores apressadamente até chegar ao teu quarto... abrirei, entre o ansiosa e o hesitante, a porta com medo. Medo de que tu possas simplesmente já não lá estar. Até amanhã, mãe.

 

P.S. Depois de todas as questões levantadas por este post, achei prudente esclarecer que o mesmo não passa de pura ficção (felizmente!), como tantos outros que aqui publico. Agradeço toda a preocupação e apoio que me foram dirigidos (tanto por amigos, como por leitores) e lamento a confusão causada.
Cumprimentos, Vânia Caldeira

publicado por Vânia Caldeira às 12:41

12
Jul 08

 

Ouvia as gargalhadas dos filhos no piso superior e sorria... Um sorriso tímido e comprometido, resultado de um pensamento que a assaltava constantemente e não a deixava descansar.

Era casada há quase 20 anos e vivera sempre um casamento perfeito. O sonho de qualquer mulher. Apesar do seu perfil determinado e ambicioso, temperado com laivos de um feminismo apurado, casara-se cedo, movida por um amor seguro e frutífero. Recordava agora as inúmeras dúvidas que tivera nessa época: na verdade, se não fosse pelas pressões do namorado (em parte resultado de alguma insegurança e medo de a perder) nunca se teria casado naquela altura. Esperaria alguns anos. Hoje, porém, não se arrependera dessa cedência. Esse passo fizera-a crescer como pessoa mas, sobretudo, como mulher, dera-lhe a responsabilidade e a maturidade de uma relação séria e "para a vida".

Claro que não cedera em tudo. Uma vez casados, não deixou que ele lhe alterasse os seus planos: os filhos teriam mesmo de esperar. Queria triunfar na sua carreira profissional e não havia espaço para nada mais. Sim, admitia, sempre tivera muito de egoísmo na sua personalidade. E também de ambição. Mas eram essas características que a distinguiam da maioria das mulheres e a tornavam especial. Aliás, segundo o próprio marido, eram esses traços que o tinham feito escolhê-la. Sim, ainda hoje ele acreditava que a tinha escolhido. Continuava a achar que ela se limitara à passividade de ficar à espera que ele a seleccionasse entre as demais candidatas. Ela? Não se importava com isso. Segura dos seus dotes e da eficiência do jogo de sedução que praticara com ele, preferia não interferir com a débil auto-estima masculina.

Mas os filhos acabaram por vir: o primeiro quando ela tinha 37 anos e o segundo 3 anos mais tarde, já no limiar do seu relógio biológico, segundo os médicos. Agora com 3 e 6 anos, os seus filhos brincavam alegremente no andar de cima, indiferentes aos dilemas da mãe.

Vivia um casamento perfeito: o marido ideal, dedicado e leal, colaborador nas tarefas domésticas, dado à família mas, sobretudo, com uma adoração por ela inabalável, mesmo apesar do passar dos anos e do aparecimento das primeiras rugas e dos primeiros cabelos brancos, malditos registos da idade que não perdoam.

E, porém, apesar de tudo o que ele sempre lhe deu, apesar deste conto de fadas que ele lhe criou, apesar do elevado nível de vida que tinham... agora ela sentia que chegara a hora de pôr um ponto final.

Não tinha motivos para ser infeliz e, no entanto, já não conseguia ser feliz. Talvez fosse a monotonia de uma relação prolongada, talvez fosse a sua excessiva exigência, o seu não-conformismo. Faltava-lhe qualquer coisa, não se sentia completa com a sua vida actual. Aquele casamento simplesmente já não era suficiente. E, depois de alguns meses de reflexão e de frustração, percebera que não podia prolongar a situação. Tinha de abrir o jogo: queria o divórcio.

E odiava-se por isso! Por saber como o marido que a adorava iria reagir, por não ter um único motivo a apontar-lhe... a culpa simplesmente não era dele.

Mas, mais do que qualquer outra coisa, temia ter de confrontar os olhares suplicantes e lacrimejantes dos filhos quando lhe perguntassem o porquê... e ela simplesmente não teria uma resposta.

Ouviu então a porta de casa bater, anunciando a chegada do marido e, com ele, o momento que mudaria a sua vida para sempre.

publicado por Vânia Caldeira às 09:40

04
Mai 08


Hoje é um dia especial?
A teu lado todos os dias são únicos,
todos têm a magia que tornam os momentos inesquecíveis
e as pessoas eternas.

Podias ser o sol que ilumina os meus dias.
Podias ser a lua que me banha à noite.
As estrelas que me contemplam
ou o firmamento em que descanso.

Podias ser a água que me refresca
A natureza que cresce em meu redor
O vento que envolve os meus cabelos
Ou o fogo da paixão que me consome.

Podias ser as palavras que escrevo
Podias ser os sonhos que construo
As conquistas que obtenho
Ou os tesouros que possuo.

Podias ser a cor dos meus cabelos
O brilho (verde ou azul?) dos meus olhos
Podias ser a suavidade da minha pele
O aroma do meu corpo.

Podias ser tudo isso e muito mais
Que não me cansaria de te olhar
De tocar-te, de sentir-te...
bem junto a mim
naquele momento em que deixamos de ser "eu e tu"
para sermos apenas "nós".

Esse momento em que encontramos a perfeita sintonia
na intensidade de um olhar,
no calor de um abraço infinito
ou na certeza de um beijo profundo.

Para ti... porque és especial.
publicado por Vânia Caldeira às 20:09

22
Abr 08


Nunca se sentira capaz de fazer nada sozinho. Por isso, olhava o austero prédio e hesitava. Perdia minutos e minutos naquela incerteza que o destruía, naquela insegurança castradora.
Os muitos anos de consumo de drogas tinham-lhe deixado marcas profundas, não no rosto - que, aliás, se poderia dizer muitíssimo "bem conservado" para o atentado continuado que fizera à sua própria saúde - mas na alma. À medida que a heroína ganhava terreno na sua vida, ele perdia-o, o chão fugia-lhe e ele tornava-se cada vez mais pequeno. Minúsculo, ridículo... perante a enormidade do seu vício.
Recordava, com desgosto, o maldito dia em que conhecera esse mundo oculto. Mundo inicialmente perfeito... uma nova experiência que partilhava com os "amigos", o prazer após cada dose, o sentimento de poder absoluto. Tudo não passava de uma brincadeira, apenas quando apetecesse, apenas quando ele quisesse. Não passaria muito tempo até que se aperceberia da falta de verdade dessa ideia. Nada dependia já dele. Perdera o controlo, ganhara a dependência.
Uma dependência física, sem dúvida. As ressacas eram dantescas idas ao Inferno, cujo único bilhete de regresso parecia ser uma nova dose. Às dores insuportáveis acumulava-se a angústia de simplesmente não ser capaz. Querer largar e não poder. Tentar e não conseguir.
Apesar de perceber como aquilo lhe fazia mal, como a dor excedia em muito qualquer prazer que o vício lhe pudesse conceder: ele simplesmente não era capaz.
Para dissimular a sua própria desilusão, mas também a alheia (a daqueles que mais o amavam), procurava convencer-se que essa incapacidade era linearmente fisiológica. Mas, no fundo, a verdade teimava em atormentá-lo. Sentia que não passava de um fraco, ao não conseguir aquilo que mais queria - largar o vício.
Anos e anos de tentativas, de investimentos por parte dos que o rodeavam, de apoio de todos, cocktails de fracassos e desilusões que terminavam sempre no mesmo: a recaída. Anos que o perseguiam e que o perseguiriam a vida toda, confrontavam-no agora ali, naquele momento, enquanto atravessava a passadeira e se aproximava da entrada do edifício.
Há 3 anos que deixara de consumir, tempo demais para si, demasiado pouco tempo para os outros, aqueles que tentavam confiar que desta vez seria definitivo. O que mais lhe custava era a sensação de ter perdido uma enorme fatia da sua vida, a melhor. E agora, apenas lhe restavam algumas migalhas que teria de aproveitar, após esta sua reaprendizagem da vida, um duro recomeço. Além disso, a droga deixara-lhe inúmeros receios e fragilidades. Era como se sem ela, não conseguisse fazer nada... não fosse capaz de pensar, de estar com ninguém, de dar o melhor de si mesmo.
Por isso, hesitava em frente ao elevador...
Lembrou-se então do verde dos olhos dela. O verde no qual se encontrara e a calma inabalável que eles lhe transmitiam, a certeza de que um mundo melhor era possível e estava para lá da porta daquele elevador. Ela era o significado que ele encontrara para a sua vida. Respirou fundo, guardou com carinho o belo rosto dela algures nos recônditos escondidos da memória, e prometeu a si mesmo que desta vez seria diferente: não iria desiludir mais ninguém, muito menos ela... que sempre confiara verdadeiramente nele.
Entrou no elevador de cabeça erguida, com a certeza de que a entrevista lhe correria muitíssimo bem e que o emprego seria seu. Agora acreditava nele e nas suas capacidades. Era mais homem, mais completo. E tudo isso lhe devia a ela e à força do seu amor. Esse, era sem dúvida, o melhor de todos os vícios.
publicado por Vânia Caldeira às 14:26

19
Abr 08


Tenho a certeza que te adoro.
Nem sempre as palavras saem com a naturalidade que deviam,
nem sempre é fácil dizer-te o que penso, o que sinto.

Quem diria que eu cairia de pára-quedas na tua vida
e que me agarrarias com a firmeza de que se constroem as certezas
com o carinho de que se constrói a felicidade?
Quem diria, há uns meses atrás,
que era possível eu perder as rédeas da minha auto-suficiência
ou questionar as minhas verdades absolutas?

E perdi...

Perdi o estóico controlo, ganhei-te a ti.
Fiquei, sem dúvida, a ganhar com a troca.

Adoro quando me sussurras as palavras que quero ouvir,
aquelas que nem sempre te consigo dizer.
Adoro quando me olhas como se o mundo começasse algures entre nós
entre o espaço inexistente que nos separa,
entre cada momento que estamos juntos.
Quando parece que poderias passar dias a olhar-me
e nunca te cansarias.
Adoro quando me tocas,
quando desenhas no meu rosto as linhas do teu afecto,
quando me levas a viajar no teu beijo,
quando descobres o meu corpo,
quando me envolves docemente nos teus braços...
quando me prendes bem junto a ti
num abraço que promete absoluto.

Quando me fazes sentir tua. Apenas tua.
Quando és meu. Sempre meu.

Provavelmente não és perfeito.
Como tu próprio dizes a perfeição é uma certeza estagnada,
cuja única garantia é a monotonia de um limite que já foi alcançado
o fim dos obstáculos para ultrapassar, o fim das metas a vencer.
Mas és certamente ideal.
O ideal que eu construí para mim. Para nós.

Gostava de te conseguir dizer mais vezes como és importante para mim.
Como mudaste a minha vida
ou como me tornas feliz.
Gostava de poder arranjar um número
que quantificasse o tanto que eu gosto de ti
ou uma fórmula para te fazer feliz.
Perante o fracasso em tudo isso,
apenas consegui escrever isto.

Apenas e simplesmente... porque te adoro!
publicado por Vânia Caldeira às 11:31

24
Mar 08


Ele sabia que não os podia desiludir. Tinham reunido todos os esforços, tinham dado demasiados pontapés nas duas primeiras letras dos "impossíveis", tinham feito tudo por ele. "Para que fosse alguém na vida", diziam.
Mas, sobretudo, tinham feito o que poucos conseguiram (e ele devia-lhes isso): acreditar verdadeiramente nele e nas suas aparentemente inférteis qualidades. Os seus pais eram, efectivamente, os "melhores pais do mundo". E, por isso, não os podia desapontar...
Ao som da terrível tempestade que rebentava lá fora, dava mais uma irrequieta e angustiada volta na cama: o sono teimava em não chegar e o descanso, esse, estava bem longe de lhe dar tréguas. Vivia mais do que uma patológica crise de insónias. Vivia um angustiante conflito interior, sem terapêutica conhecida e de prognóstico muito reservado.
Porque, lá bem no fundo, ele sabia que simplesmente não estava à altura das expectativas. Ele sabia que não era suficientemente bom. Ele sabia que, no fim, desiludiria os que mais os amavam.

Na manhã seguinte, os pais encontraram-no no chão do seu quarto, pálido e gelado. Jazia com uma invejável serenidade que nunca cultivara em vida. Ao lado do corpo inabitado, vários frascos de medicamentos espalhados pareciam ter ditado a sentença final. Fora a sua decisão e falta de coragem de enfrentar o futuro e de ter a responsabilidade de triunfar nele que tinham vencido e feito a morte parecer mais tentadora do que uma vida condenada ao fracasso. Apenas porque, no fundo, ele sempre soube que desiludiria os seus pais. E desiludiu.
publicado por Vânia Caldeira às 10:07

08
Mar 08

 

Gosto da forma doce como me tocas. Gosto da cor das nossas peles, juntas. Gosto das tuas mãos geladas, como as minhas. Gosto da suavidade do teu cabelo, da profundidade verde dos teus olhos. 

A vida está sempre a pregar-nos partidas. Tu foste mais uma... Mas particularmente especial.

Adoro as tuas propostas destemidas e os teus convites irrecusáveis. Adoro a forma como carinhosamente me tratas por "sôtora"...

Adoro as tuas gargalhadas ou as tuas tentativas (frustradas) de me ensinar a tua área.

Adoro o teu perfume, o cheiro da tua pele, o sabor do teu pescoço, a segurança dos teus braços... Adoro o teu metro e oitenta e quatro...

Quem diria...

Acima de tudo adoro os teus beijos, demorados e profundos, recheados, completos, intensos... E ainda as pequenas carícias com as quais demonstras toda a tua atenção e carinho: o doce beijinho na testa ou no cabelo.

É curioso como quando achamos que sabemos o que vamos ou desejamos encontrar no final de determinado caminho, a vida nos confunde, nos engana e surpreende: e mostra que algo muito diferente nos espera.

Adoro o sorriso ingénuo e feliz que voltaste a colocar nos meus lábios. Isso é, sem dúvida, o que mais adoro!

publicado por Vânia Caldeira às 00:18

05
Mar 08

 

Explica-me o significado dos teus sinceros risos e sorrisos a meu lado. Faz-me compreender porque é que só ao meu lado pareces extremamente feliz. Desvenda-me os segredos escondidos nesses olhos azuis, cor do céu e do mar.

Há coisas que simplesmente não percebo. E outras que compreendo tão bem: que fomos feitos um para o outro, que estamos sempre em perfeita sintonia, que sou tão feliz ao teu lado, que o resto do mundo parece desaparecer por momentos... enquanto estamos sós, algures na dimensão de um outro mundo só nosso!

Sim, também me podes explicar porque tens ciúmes dos outros, porque fazes cenas aparentemente injustificáveis e que roçam (quando não ultrapassam mesmo) o ridículo ou porque não me largas.

Mas, antes de qualquer outra coisa, explica-me apenas porque não dás o passo mais importante de todos, aquele que podia mudar a minha vida e a tua... antes que seja demasiado tarde, antes que tenhamos perdido a nossa oportunidade. Explica-me, que às vezes, não te entendo!

publicado por Vânia Caldeira às 10:18

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