Algures perdida entre os livros, folhas e folhas com tanto e com nada, assistindo ao louco desfile de matéria ela sentia-se desanimada. Questionava aquilo que sabia, as suas capacidades, atormentava-se com questões sem resposta, com uma insegurança que só lhe dificultava o caminho.
Ao olhar o sol que irradiava lá fora (tão distante), lembrou-se dele. Como queria que ele ali estivesse agora. Como precisava do calor dos seus braços, do aperto forte e consolador que ele lhe dava, das certezas com que a inundava.
Esse era outro problema... Já procurara mil vezes entender o motivo daquela paixão. Como era possível que ele tivesse aquele efeito sobre ela. De repente, alguém lhe puxara o tapete da rigidez e da lógica... E, agora, ela tinha dificuldades em levantar-se. Precisava dele e tinha, cada vez mais, a (dolorosa) consciência disso. Como? Não sabia...
Até porque no fim chegava sempre à incontornável resposta, certamente a menos científica de todas, mas também a mais puramente deliciosa: ela gostava dele. O amor... sem regras, convenções, lógicas ou motivos. E como era bom poder entregar-se a esse sentimento sem pensar. Saber, apenas o doce saber, que podia contar sempre com ele, que ele estaria lá quando ela mais precisasse. O sentir-se compreendida, como por ninguém mais, em cada gesto dele, em cada palavra, ou até em cada surpresa que ele lhe fazia.
A consciência de que ele também precisava dela...
Porque junto dele todas as leis físico-químicas eram violadas e ela sentia que podia dissolver-se na textura da sua pele...